Springer Spaniel Inglês

História e Características Gerais da Raça
A Inglaterra é considerada hoje como sendo o país de origem da raça, mas, segundo estudos, os Spaniels teriam surgido primeiro na Espanha e teriam sido trazidos para a Inglaterra pelos romanos. Na Espanha eles eram usados para caçar junto com falcões, tornando-se admirado por toda a nobreza européia.

Já na Inglaterra os Spaniels foram divididos em dois tipos de cães de caça – os cães de terra e os de água -, e em vária raças. Os cães que caçavam na terra começaram a ser “separados” e classificados como raças distintas pelo tamanho dos filhotes. Sendo assim, os menores passaram a ser conhecidos como cockers; os de tamanho médio formaram a raça Field Spaniel; os maiores e que caçavam espantando, brincando e saltando (spring em inglês) por sobre as presas, para que elas pudessem ser abatidas pelos caçadores, passaram a ser chamados springers e os bem grandões acabaram sendo desenvolvidos para se tornar os setters.

O Springer Spaniel é uma raça bastante antiga e o caminho para o seu reconhecimento oficial é longo. Em uma certa época eles eram chamados de Norfolk Spaniel, e o nome Springer Spaniel tornou-se oficial em 1900. As características modernas da raça são creditados ao Sir Thomas Boughey, cuja família foi quem lançou a primeira relação de padreadores da raça, em 1812. O primeiro clube da raça, na Inglaterra, foi fundado nos idos de 1880, e a raça, Springer Spaniel Inglês, foi reconhecida pelo Kennel Club em 1902.

Quando os clubes da raça passaram a julgar os cães pelas suas habilidades em caçar e também pela sua conformação e beleza, dois tipos distintos de cães passaram a ser formados. Os cães para exposições são mais pesados, fortes, e atarracados, além de possuírem um pêlo mais longo e denso. Hoje em dia os dois tipos de Springer Spaniel não são mais cruzados entre si, e poucos Springers são para caçar e ao mesmo tempo para shows. A última vez que um mesmo cão foi campeão nas duas modalidades, foi em 1938.

De qualquer forma, o Springer Spaniel é um sucesso nas duas modalidades. No campo ele incansável, resistente, determinado e devotado as alegrias de uma boa caçada. Já nas pistas poucas outras raças têm uma aparência tão majestosas e altivas. Um Springer parece estar sempre nos lembrando que ele sabe que é lindo.

Mas, infelizmente nem sempre dá tudo certo. O Springers também tem seus pequenos probleminhas de saúde. Entre os mais comuns estão a displasia coxo-femural, infecções crônicas de ouvido,(leve o seu cachorrinho ao veterinário se os ouvidos dele apresentarem uma cera escura e de odor forte, pode ser indicação de problemas), tendência a obesidade, e problemas oculares. Talvez o mais preocupante de todos os problemas que podem atingir estes maravilhosos cães seja uma desordem comportamental conhecida como “Sindrome do Ódio”, que iremos detalhar mais adiante na seção PERFIL DA RAÇA.

É importante frisar que nem todos os Springers apresentam estes problemas e que estas doenças são fruto do cruzamento indiscriminado de cães que possuem problemas físicos ou de temperamento. Na verdade cães com doenças genéticas ou com comportamento fora do padrão da raça nunca deveriam ter usados para procriar, e é por isso que é tão importante recorrer a criadores experientes, sérios e dedicados a manter os padrões corretos da raça. É muito importante evitar a compra de um filhote (de qualquer raça) sem que se possa conferir a procedência e a integridade física e emocional dos pais deste filhote.

Tamanho:
Machos:média de 50 cm;
Fêmeas: média de 47,5 cm (altura da cernelha).

Peso:
Machos: entre 26.5 e 30 quilos;
Fêmeas: entre 24 e 27 quilos

Aparência:
Corpo bem balanceado, compacto, com ar altivo e orgulhoso, movimentos suaves, que não demonstram esforço.

Pelagem e Cor:
Pêlo sedoso, liso ou ligeiramente ondulado, curto na cabeça e nas parte dianteira das patas, e longo no corpo; nas orelhas, peito, parte traseira das patas e na barriga o pêlo é bem cheio, em forma de franjas. As cores aceitas são o azul, preto ou fígado com marcas brancas, ou a cor branca com marcas pretas e fígado, além do tricolor.

Cabeça:
Crânio largo, arredondado, com o focinho reto; os olhos são bem separados, pretos, castanho-escuros ou amarelos; as orelhas são longas e caídas.

Cauda:
A cauda é cortada com tamanho de 1 a 1,5 cm

Expectativa de vida:
de 12 a 15 anos

Perfil da Raça
Springers são uma deliciosa companhia se a sua família gosta de atividade. São meigos e gentis, ao mesmo tempo que são corajosos e determinados. Eles adoram agradar seus donos e são muito afetuosos, além de inteligentes e obedientes. São “abanadores-de-rabo” convictos. Uma outra característica da raça é que eles parecem ter um grande senso de humor, adoram brincar quando jovens e mesmo se mantendo ativos quando mais velhos, eles também adoram ficar deitados aos pés (ou melhor ainda, no colo) dos donos. A quantidade de exercício ideal varia de cachorro para cachorro, mas uns passeios longos, uma pequena corrida ao lado da bicicleta, um jogging matinal, ou um joguinho de “vá pegar a bolinha” serão sempre bem-vindos. A maioria adora água e nadar é um grande prazer, mas podem se adaptar com uma certa facilidade a qualquer estilo de vida.

Eles precisam muito da companhia de humanos e se você estiver preparado para dar-lhes bastante atenção e exercício quando voltar para casa, eles podem aprender a ficar quietinhos durante o dia, esperando você voltar do trabalho. Aliás, devido a seu grande apego com os donos, é preciso ensinar ao filhotes a ficar umas poucas horas por dia sozinho para que não desenvolva ansiedade excessiva quando os donos precisam sair para trabalhar, ou até quando saem para um simples passeio.

Ainda que a raça costume ser bastante amigável com estranhos, também é preciso estar atento a socialização do filhote para que ele, quando adulto, não se torne super protetor dos donos, inclusive evitando que qualquer pessoa fora da família se aproxime.

Springers são alegres e alertas. Como todo cachorrinho, e especialmente os que tem suas origens como raça de caça, os Springers precisam ser ensinados a vir imediatamente quando são chamados pelo dono. Embora normalmente obedientes, não é impossível que o seu nariz de caçador sugira uma visita mais longa ou uma investigação mais demorada no passarinho que esta no outro lado da rua.

No livro The Intelligence of Dogs de Stanley Coren o Springer ocupa a 13ª posição entre as raças mais inteligentes. Ainda segundo o autor, isto significa que eles são excelentes para executar tarefas de trabalho. O treinamento de simples comandos são normalmente assimilados depois de 5 a 15 repetições e serão memorizados facilmente, embora ainda possam melhorar com a prática. Eles respondem ao primeiro comando em cerca de 85% dos casos, ou mais. Em caso de comandos mais complexos é possível notar, ocasionalmente, uma pequena demora no tempo de resposta, mas que também pode ser eliminada com a prática destes comandos.

Uma nota sobre a “Sindrome do Ódio”: Esta desordem é caracterizada por uma alteração repentina e radical no comportamento do cão. Embora em alguns casos, os cães que apresentaram este comportamento também foram diagnosticados como portadores de epilepsia, acredita-se que não existem sintomas neurológicos ou comportamentais que indiquem a presença desta doença.

Segundo os donos, veterinários e treinadores que já presenciaram um cão sob os efeitos da “Sindrome do Ódio”, o animal apresenta um olhar vidrado e ataca pessoas, cães ou qualquer outro objeto que se mova, sem a menor provocação. Os episódios duram, normalmente, poucos segundos, mas o comportamento é extremamente agressivo e assustador. Imediatamente depois do ataque passar o cachorro abana o rabo e apresenta um ar confuso, como se não soubesse exatamente o que aconteceu de errado. Além disso cachorros que são hiperativos, agressivos ou tímidos e medrosos também estão fora do padrão.

Um cuidado especial deve ser tomado com os filhotes para que eles não se tornem agressivos em função de sua tendência natural de possessividade com comida, brinquedos e lugares onde eles dormem. Também é comum ver estes cães mostrarem sinais de agressividade, como por exemplo rosnar, quando eles são acordados de forma abrupta ou quando são assustados (cuidado com crianças pequenas que podem assustar seu cachorro sem querer). Felizmente estas características são facilmente tratáveis com a socialização bem cedo do filhote e com o treinamento básico de obediência.

Obs.: O gráfico acima é o resultado de um estudo realizado por Benjamin L. Hart e Lynette A. Hart, veterinários e Phd’s em comportamento animal, que entrevistaram dezenas de veterinários, treinadores e juizes de competições de obediência nos EUA.