Basenji

História e Características Gerais da Raça
Muitas coisas são especiais sobre o Basenji. Para não falarmos do temperamento, que vamos tratar mais adiante, podemos citar o fato de que ele não late, é muito limpo, tem uma aparência que o distingue da maioria dos cachorros, com seu rabinho retorcido e com uma cara de quem está sempre tentando desvendar os segredos do mundo, graças a série de ruguinhas que ele traz na testa.

Também chamado de Cachorro do Congo, Terrier do Zaire, o Cão que Não Late, o país de origem do Basenji é a África Central, mas na verdade esta é uma raça bastante antiga.

Tão antiga que é possível ver uma estátua de pedra de um Basenji, retirada de uma tumba de um Faraó Egípcio. Calcula-se que esta estátua seja de aproximadamente 5000 anos antes de Cristo. Conta uma lenda que os Basenjis teriam sido presentes do chefe de uma tribo para o Faraó. Naquela época eles já eram excelentes cães de caça. Aliás até hoje é possível achar estes cães trabalhando com seus donos na caça de “ratos vermelhos”, um animal extremamente agressivo e com dentes longos e poderosos, que chegam a pesar 10 quilos, no Zaire e na África Central. Neste tipo de caçada eles são usados para conduzir a presa para as redes dos caçadores, ou perseguindo e apontando animais feridos.. Um outro dado curioso é que o Basenji costuma usar um sino de madeira preso ao pescoço, justamente porque eles são muito silenciosos.

O primeiro casal de Basenjis a chegar na Inglaterra foi em 1895 e logo se tornaram uma sensação. Infelizmente estas primeiras importações de cães não foram bem sucedidas por causa de doenças como a cinomose. Introduzidos novamente na Europa em 1934, o American Kennel Club (AKC) reconheceu a raça em 1943. Como caçadores eles são considerados incansáveis e estão classificados tanto como Scent Hound (cães que caçam usando o faro) como Sight Hound (cães que caçam usando a visão).

Não devemos nos deixar enganar pelo pequeno porte deste cãozinho. Seus músculos são fortes e longos o que lhes dá uma incrível velocidade. Também a forma com que se movimentam faz com que este cão gaste um mínimo de energia e fôlego necessário. Desta forma eles percorrem distâncias incríveis rapidamente e sem demostrar cansaço. Não é atoa que hoje eles são usados com muito sucesso em corridas de cachorros, muito parecidas com as corridas de Greyhound

Basenjis são extremamente limpos e cuidam de sua aparência com tanto esmero quanto um gato. Não é raro vê-los lambendo as patas e depois passando no rosto. Eles se dedicam por horas ao seu próprio tratamento de beleza.

Mas de onde saiu este nome Basenji? Segundo alguns autores o nome Basenji teria sido escolhido pelo Sr. e Sra. Burn (casal inglês que primeiro conseguiu criar e a expor o Basenji na Europa, em 1936). Este nome teria sido escolhido por ser a tradução para “Bush Dog” no dialeto Africano. Por sua vez Bush Dog seria “o cão das áreas selvagens da África” e Basenji significa “coisa selvagem”.. Já para Peter Wakeham, estudioso da história do Egito antigo e da língua Árabe, da Universidade de Melbourne a explicação do nome Basenji é outra.

Segundo ele o nome foi sendo alterado ao longo do tempo, devido as confusões de várias línguas. Segundo Peter a parte da palavra em que devemos nos concentrar é SENJI, e Ba seria apenas uma partícula descritiva. O significado moderno da palavra vem do Swahili SHENZI que significa, literalmente, incivilizado, bárbaro. O Swahili tirou esta palavra do que eles pensaram que fosse o nome Persa para o cachorro. A palavra Persa seria o ZENJI (selvagem, bárbaro), mas a palavra correta era do Árabe (o Árabe e o Persa são como o Inglês e o Norte Americano) SHENJI e não ZENJI, e que significa rugas. Logo a origem correta seria “o cão com rugas” e não “o cão bárbaro, selvagem e incivilizado”. As mudanças teriam sido de SHENJI, para ZENJI para SHENZI e finalmente SENJI.

Para os que conhecem e convivem com um Basenji, sabem que ele está muito mais próximo de um cachorro com rugas do que um cachorro incivilizado.

Tamanho:
FCI
Machos: 43 cm (na cernelha).
Fêmeas: 40 cm (na cernelha) sendo que pequenas variações nestas medidas não serão penalizadas se as proporções forem mantidas.

AKC
Machos: 41,7 cm (na cernelha)
Fêmeas: 39 cm na cernelha

FCI
Machos: 11 quilos;
Fêmeas: 9,5 quilos

AKC
Machos: 11 quilos;
Fêmeas: 10 quilos

Aparência:
Corpo quadrado (altura até os ombros igual ao comprimento do peito até a parte traseira das coxas), mesmo parecendo ser mais alto do que comprido. Compacto, equilibrado, com músculos longos e suaves que possibilitam movimentos bem coordenados, sem esforço.

Pelagem e Cor:
FCI: Pelagem lisa, curta, sedosa, e brilhante. Cor Preto e branco, avelã e branco, preto, avelã e branco. A cor branca deverá estar sempre presente nos pés, no peito e na ponta do rabo, sendo que um colar branco, as patas brancas e uma listra branca na cara são opcionais.
AKC: Aceita ainda a cor tigrada. Também possui a ressalva de que a cor branca não deve ser predominante.

Cabeça:
Topo da cabeça reto, bem modelado e de largura média, afinando em direção dos olhos; Forma-se numerosas rugas quando as orelhas estão bem eretas. Também são desejáveis que se formem rugas na lateral do rosto, mas não de forma exagerada que pareçam papadas. Focinho de tamanho médio ligeiramente menor do que a parte superior da cabeça; nariz preto é desejável.; olhos escuros, amendoados e posicionados de forma obliqua.; olhar intenso e penetrante; orelhas pequenas, pontudas e eretas, de textura fina, posicionadas bem a frente no topo do crânio.

Cauda:
Enrolada bem apertada, sobre o dorso, pendendo para um dos lados do corpo, sem dar a impressão de que podem “cair”.

Expectativa de vida:
De 10 a 13 anos, sendo que é possível encontrar cães com até 22 anos.

Possíveis Doenças:
Normalmente uma raça saudável, o Basenji pode apresentar algumas doenças genéticas devido a utilização larga do inbreeding (casamentos consangüíneos). São elas: Atrofia progressiva da rotina, ou PRA (progressive retinal atropy), Sindrome de Fanconi (uma doença que afeta os rins) Anemia Hemolítica, Hipertiroidismo e Sindrome de Malabsorção. Alergias de pele e hérnias também podem ser um problema. A PRA é uma doença progressiva que pode levar a cegueira e costuma aparecer a partir dos 4 anos de idade. A Sindrome de Fanconi também ataca os cães de meia idade (de 4 a 8 anos) e pode ser fatal.
É normal que as fêmeas entre no cio apenas uma vez por ano, e não duas como a maioria das fêmeas de outras raças.

Perfil da Raça
O que é aparentemente o cachorro perfeito para viver em apartamento (não late, não tem cheiro, extremamente limpo, quase não solta pêlos, pequeno e fácil de cuidar), pode ser uma surpresa desagradável para aqueles que não pretendem gastar parte do seu tempo exercitando, estimulando e orientando o seu Basenji.

Esses camaradinhas são cheios de energia e adoram caminhar e correr, mas nunca deveriam ser deixados livres, sem guia, se o local não for totalmente cercado e seguro.

É verdade que Basenjis não latem mas eles emitem diversos sons, bastante estranhos para quem não está familiarizado com a raça. Alguns descrevem o som dos Basenjis como choros de crianças, outros acham que mais se parecem com cantos, ou como risadas. A verdade é que um Basenji deixado muitas horas sozinho e aborrecido e frustrado pode fazer um bocado de barulho. Sem falar que eles podem se tornar bastante destruidores.

Ao contrário da maioria dos cães, o Basenji não é totalmente “domesticado”, isso é, ele é muito mais vulnerável aos apelos dos seus instintos do que as vontades dos seus companheiros humanos. Os filhotes deveriam ser bastante socializados e manuseados, desde cedo, por crianças e pessoas cuidadosas. É preciso ter especial cuidado com esta raça para não maltratá-la ou assustá-la, pois eles são conhecidos por ter uma memória de elefante, e jamais esquecem se forem abusados ou espancados. É preciso tratá-los de forma firme, mas com muito respeito e justiça.

Muito apegados a suas famílias, e leais até o fim de seus dias, o Basenji é normalmente descrito como sendo distante e indiferente com estranhos. Nestes casos nada melhor do que deixar que o pequeno tome a iniciativa para conhecê-lo. Uma vez que o primeiro encontro tenha sido bem sucedido, você pode contar com um grande amigo.

É preciso também tomar cuidado para não mimar demais estes cãezinhos e acabar passando a mensagem errada que nós somos incapazes de liderar e de cuidar da “matilha”. Se a família não ocupar a sua posição de líder, o Basenji se sentirá mais do que feliz em ocupá-la por vocês.

Para treiná-lo e educá-lo é aconselhável que se usem métodos de motivação positiva e em nenhum momento se use de força física ou punição severa. Este tipo de correção deve ser usado apenas em último recurso, para cachorros que tentam morder seusdonos ou ao treinador. É muito mais fácil ensinar um Basenji com carinhos e pequenos petiscos do que com a força bruta. É preciso entender, antes de mais nada, que esta é uma raça desenvolvida para ser independente, que eles tem vontade própria e que são bastante inteligentes para não fazer o que não lhes interessa. Normalmente um NÃO dito em tom bem forte e autoritário é suficiente para repreender um Basenji e faze-lo ver que cooperar é a melhor alternativa.

No livro The Intelligence of Dogs de Stanley Coren o Basenji ocupa a 78ª posição entre as raças pesquisadas. Ainda segundo o autor, isto significa que eles são considerados extremamente difíceis de serem treinados para executar tarefas. Normalmente são necessárias de 30 a 40 repetições de simples comandos, no início do treinamento, para que eles comecem a demonstrar alguns sinais de que estão entendendo o que se espera deles. Não é raro que estes cães precisem executar mais de 100 vezes um comando de forma correta, antes de se tornarem confiáveis na sua performance.

O treinamento de obediência básica normalmente deve ser estendido por várias sessões., e mesmo assim eles podem parecer lentos e desinteressados na conclusão dos comandos. Uma vez que estes cães tenham absorvido totalmente o comando, será necessário manter o treinamento periodicamente, uma vez que eles parecem “desaprender” numa velocidade muito grande. Na verdade, se o treinamento não for mantido, eles darão a impressão de que nunca aprenderam nada. Alguns juizes e treinadores costumam dizer que eles são “intreináveis”, mas outros afirmam que na maioria das vezes o treinador e/ou o dono não tiveram a paciência e a persistência de manter o treinamento por tempo suficiente afim tornar os comandos de obediência em hábito de comportamento.

Eles tendem a reagir com algum interesse em menos de 25% das vezes em que um comando lhes é dado e não raro eles simplesmente dão as costas aos seus treinadores, como que se estivessem desafiando a autoridade destes.

Basenjis são conhecidos pela sua natural falta de medo. Faze-los obedecer por medo de apanhar é um grande erro. Sim eles são teimosos e vão tentar fazer tudo ao modo deles. Cabe a nós faze-los pensar que eles é que decidiram mudar de idéia. Um outro bom recurso para disciplinar um Basenji é o uso de spray de água. Eles detestam água e levá-los para passear num dia de chuva é praticamente impossível.
Outra coisa curiosa é a filosofia adotada por eles. Simples: O que é meu é meu, e o que é seu é meu também! Muito cuidado para estabelecer as regras da casa desde cedo.

Uma vez conquistados, eles são amorosos, adoram carinho e de ficar pertinho de seus donos, de preferência fiscalizando tudo que está acontecendo na casa. São alertas e servem como ótimos cães de alarme. Orgulhosos, não perdoam maltratos. São inteligentes e adoram brincar.

É uma boa idéia acostumá-los a ficar pequenos períodos de tempo sozinhos, já que eles se apegam muito as suas famílias e podem sofrer bastante se houver um afastamento repentino como uma viagem, por exemplo. Também é preciso ter cuidado com o terreno em que eles vivem, já que são experts na façanha de escapar. São capazes de escalar muros e até de subir em árvores. Uma vez do lado de fora é quase impossível alcançá-los, tamanha a sua velocidade e destreza.
Se não forem acostumados desde pequenos estes cãezinhos podem se tornar bastante agressivos com outros cães.

O Basenji é uma raça única, cheia de deliciosos contrastes. Eles são fortes e rústicos o suficiente para caçar animais selvagens na África, são cheios de energia e competitivos, mas ao mesmo tempo poucos cães gostam tanto dos confortos e carinhos que uma família humana pode proporcionar como o Basenji. Ele é manipulador e autoritário com aqueles que o amam, mas eles recompensam este amor a maneira deles, com todo o seu pequeno coração. Para aqueles que estão dispostos a se dedicar a este cachorro brilhante, que tiver senso de humor, paciência e persistência não haverá melhor companhia.

@ LordCão Treinamento de Cães 2009