Pastor Belga (Groenendael)

História e Características Gerais da Raça
No final do século 19, existia uma grande variedade de cães pastores na Europa, embora eles possuíssem uma habilidade de trabalho muito similar.

Com medo de que algumas destas raças desaparecessem, um grupo de admiradores juntaram-se e começaram a definir os padrões do que viria a ser chamado de Pastor Belga. A princípio quase não havia discussões sobre a estrutura e capacidade de trabalho desejadas, mas eles não conseguiam chegar a um acordo sobre o tipo de pêlo e cores ideais.
Em 1892 foi redigido o primeiro padrão do Pastor Belga, onde 3 tipos de pêlos eram reconhecidos (o curto, o longo, e o duro), mas ainda não haviam chegado a um padrão para as cores aceitas. Em 1899 começou-se a restringir também as cores, que combinadas aos tipos de pêlos, deram origem a quatro variações.

Os cães de pêlos longos e negros passaram a ser chamados de Pastor Belga Groenendael, ou simplesmente Pastor Belga. Os cães de pêlos longos e de cor fulvo-encarvoado, com máscara negra passou a ser conhecido como Pastor Belga Tervuren. Os cães de pêlos curtos e de cor fulvo-encarvoado (bege com mistura de pelos negros) com máscara negra eram chamados de Pastor Belga Malinois. E ainda o Laekenois, que tem o pêlo duro, de cor fulvo-encarvoado.

Foi em 1900 que as quatro variedades tornaram-se raças individuais, reconhecidas pela entidade belga Societé Royal Saint Hubert. Foi desta época que os cruzamentos entre cães de variedades diferentes ficaram proibidos, norma seguida até hoje pela Federação Cinológica Internacional (FCI) e pelo American Kennel Club (AKC). No entanto, o Laekenois não é reconhecido pelo AKC.

Na verdade, os Estados Unidos só passaram a reconhecer estes cães como raças separadas a partir de 1959, sendo que o primeiro cão a vir para os EUA foi um Groenendael, em 1912. Outros países ainda os consideram apenas como uma variação da mesma raça, Pastor Belga, e os “sobrenomes” são uma referência à região da Bélgica em que eles foram desenvolvidos.

De uma parte de Bruxelas chamada Parc du Laeken surgiu o Laekenois. Da região de Malines surgiu o Malinois. A cidade de Tervuren é o berço do Tervuren. E finalmente o Groenendael que teria sido nomeado em homenagem ao restaurante, Chateau Groenendael, do criador Nicolas Rose.

A estrutura dos Pastores Belgas são perfeitamente idênticas, a única diferença está no comprimento, cor, e textura da. Se o pêlo deles fosse raspado, dificilmente seria possível distingui-los.

Aqui no Brasil estes cães ainda são raros. No ano de 1977 apenas 265 Pastores Belgas foram registrados. A grande maioria dos cachorros chamados de Pastores Belgas são na verdade Pastores Alemães Pretos, comumente confundidos com o Pastor Belga de Groenendael.

Embora o Pastor Belga de Groenendael e o Pastor Alemão Preto se pareçam levemente, se observados com cuidado é possível observar que existem mais diferenças do que semelhanças.

Para começar, vistos de lado, o Pastor Belga é mais “quadrado”, enquanto que o Pastor Alemão é “retangular”. O Pastor Belga não possuí a extrema angulação das patas traseiras, típica no Pastor Alemão. Além disso o Pastor Belga tem uma aparência mais leve do que o Pastor Alemão e possui o pêlo mais longo e abundante, especialmente em volta do pescoço.

O Pastor Belga é bem balanceado, elegante, forte, alerta, ágil e musculoso. Os machos são mais impressionantes do que as fêmeas, que devem possuir uma aparências distintamente feminina.

Entre as grandes qualidades da raça, estão a coragem e o temperamento de guarda. Foi justamente por estas qualidades que, ao contrário da grande maioria das outras raças de cães, os Pastores Belgas se salvaram do risco de extinção durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra estes cães foram largamente usados como cães mensageiros, patrulheiros de fronteira e auxiliares da Cruz Vermelha.

De um modo em geral estes cães são saudáveis, mas algumas doenças parecem atingi-los com maior freqüência, como por exemplo, displasia coxo-femural, epilepsia, problemas de tireóide, câncer, e algumas doenças de pele e nos olhos.
Tamanho:
Machos: em torno de 62 cm de altura na cernelha (osso mais alto do ombro);
Fêmeas:em torno de 58 cm de altura na cernelha. Tolerância de 2 cm para o mínimo e 4 cm para o máximo.

Peso:
O peso médio é em torno de 28 quilos para os machos e 24 quilos para fêmeas.

Aparência:
Corpo bem balanceado, harmoniosamente proporcionado, de aparência elegante, com movimentos energéticos, mais circulares do que lineares.

Pelagem e Cor:
Embora o comprimento e aspecto do pêlo seja variado, em todas as variedades da raça o pêlo deve ser abundante, denso, bem texturado, com subpêlo lanoso. Cores: Groenendael – unicamente preto (o AKC aceita pequenas marcas brancas no peito e nos dedos, queixo e lábios). Tervuren – fulvo-encarvoado, sendo a cor fulvo (bege) bem saturado, nem claro nem esmaecido. O cachorro que não possuir a pelagem com a saturação desejada não poderá receber a qualificação excelente. Malinois – unicamente fulvo-encarvoado com máscara preta. Laekenois – Fulvo, com traços encarvoado, principalmente no focinho e na cauda. Pequenas marcas brancas no peito e nos dedos é aceito. A cauda não forma plumagem. A máscara deve envolver os lábios, a comissura e as pálpebras em uma só área preta, e deve ter um mínimo de 6 pontos. Ou seja, as duas orelhas, ,as duas pálpebras, superiores, os dois lábios, inferior e superior.

Cabeça:
Crânio de largura média, testa mais plana do que arqueada, de comprimento praticamente igual ao do focinho; focinho afinalado, ligeiramente maior do que o crânio; Olhos de tamanho médio, ligeiramente amendoado de cor marrom, preferivelmente escura, com contorno da pálpebras pretas, com expressão franca, inteligente, esperto e inquiridor; as orelhas são de comprimento proporcional, inseridas no alto da cabeça, triangulares, com base em concha bem arredonda, portadas empinadas e retas.

Cauda:
A cauda é de comprimento médio, portada pendente com a ponta ligeiramente recurvada em repouso, e carregada mais alta e com a curva acentuada quando em movimento, sem nunca se enrolar.

Expectativa de vida: 
de 10 a 13 anos

Perfil da Raça
Para começar a descrever o perfil do Pastor Belga, é preciso pensar na palavra trabalho, já que esta é uma raça desenvolvida, cria e talhada para trabalhar incansavelmente e para cumprir tarefas complexas e variadas.

Como quase todo cachorro de trabalho, o Pastor Belga é alerta, protetor, confiante, extremamente inteligente, e afetuoso. Se treinado com cuidado e carinho eles se tornam excepcionalmente obedientes e são devotados à sua família, não devendo nunca apresentar sinais de timidez ou agressividade gratuita. Aliás, esta raça é sensível, perceptiva e determinada.

Porque possuem uma tendência natural de aversão a estranhos, é muito importante que o filhote seja intensamente socializado e que aprenda a deixar que outras pessoas o toquem, como veterinários, por exemplo.

Diferente da maioria dos cães de guarda, o Pastor Belga não abandona seu território para perseguir um intruso que foge. Herança da época em que eles trabalhavam como cães pastores e não podiam deixar o rebanho sozinho.

Eles se adaptam bem em qualquer tipo de clima e adoram correr por horas seguidas. Não é preciso dizer que estes cães precisam de muito espaço e exercício para evitar que se tornem destrutivos e entediados. O Pastor Belga é a companhia ideal para as pessoas que gostam de praticar exercícios e também para aqueles que gostam de competir. Eles se saem super bem em provas de trabalho, agility (prova que combina rapidez e agilidade para vencer obstáculos), obediência entre outras.

O Pastor Belga conseguiu se adaptar com sucesso às tarefas modernas, onde outros cães pastores falharam. Hoje eles servem como cães policiais, em busca e salvamento de feridos, cães de guarda, cães para cegos, para busca e apreensão de drogas, além de ser simplesmente um cão de companhia.

Uma característica peculiar da raça, em função do instinto aguçado de guarda e proteção, é que o Pastor Belga tem a tendência de se movimentar em volta do dono, fazendo pequenos círculos, ao invés de andar em linha reta. Também por ser muito ligado à sua família, eles tendem a desenvolver a síndrome de ansiedade de separação. Para evitar problemas no futuro é preciso ensinar ao filhote a ficar sozinho por algumas horas sem entrar em pânico.

Com as crianças que ele cresceu junto costuma ser tolerante, o mesmo não acontecendo com as crianças do vizinho ou primos que visitam raramente a casa. Também é preciso ter cautela com outros animais, já que eles não costumam se dar bem com bichinhos que parecem presas.

Como todo cão muito inteligente e sensível é preciso treiná-los desde cedo. Sempre com carinho, paciência e firmeza, mas sem brutalidade. É muito importante que ele reconheça no dono um líder e não um tirano. Em mão erradas este cão pode se tornar difícil de manter sob controle.

No livro The Intelligence of Dogs de Stanley Coren o Pastor Belga (Groenendael) ocupa a 15 ª posição entre as raças mais inteligentes, em termos de obediência e também na execução de tarefas de trabalho. O Tervuren a 14ª e o Malinois a 22ª. Ainda segundo o autor, isto significa que eles pertencem a um grupo de raças que é excelente para executar tarefas de trabalho. O treinamento de simples comandos são normalmente assimilados depois de 5 a 15 repetições e serão memorizados facilmente, embora ainda possam melhorar com a prática. Eles respondem ao primeiro comando em cerca de 85% dos casos, ou mais. Em caso de comandos mais complexos é possível notar, ocasionalmente, uma pequena demora no tempo de resposta, mas que também pode ser eliminada com a prática destes comandos.

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